Estresse, Alergias Alimentares e Equilíbrio




O fisiologista francês Claude Bernard, em 1857, apontou que todas as reações fisiológicas do nosso organismo ocorrem para preservar as condições do ambiente interno. Estes são os princípios da homeodinâmica, que descrevem uma relação de atividades metabólicas e fisiológicas que ocorrem continuamente, e que possibilitam ao individuo adaptar-se a mudanças circunstanciais, ao estresse, e às experiências.  

Um dos princípios da Nutrição Clínica Funcional é baseado na procura por um balanço dinâmico dos fatores internos e externos; entre o corpo, mente e espírito do paciente. A interação corpo e mente exerce papel fundamental no ciclo de antecedentes, gatilhos e mediadores das doenças crônicas, sendo que o estresse mental atua de maneira efetiva neste ciclo.

Alguns autores apontam que a depressão pode estimular a produção de citocinas pró-inflamatorias, que contribuem para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis e, consequentemente para o envelhecimento. Desta forma, a disfunção dos sistemas neuroendócrino e imune pode estar associada ao desenvolvimento de alergias e doenças autoimunes, obesidade, depressão e aterosclerose. 

Na presença de alergias alimentares, a ingestão de um alimento potencialmente alérgeno promove uma situação de estresse orgânico, estimulando o hipotálamo a liberar β-endorfina, que promove o alívio físico e mental. Está sensação de prazer faz com que o indivíduo consuma novamente o alimento alergênico, promovendo um processo inflamatório, e maior liberação de cortisol, adrenalina e noradrenalina mediante à resposta inflamatória. As reações alimentares inadequadas levam a uma redução no aporte de glicose para o interior da célula, reduzindo formação de ATP (adenosina trifosfato), favorecendo assim o surgimento de sintomas de fadiga e baixa concentração, aumentando o desejo por alimentos ricos em carboidratos o que promove aumento do peso corporal. As catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) liberadas ligam-se aos seus receptores distribuídos por diversos tecidos do organismo, e promovem eventos cardiovasculares, metabólicos, nervosos e imunológicos. Além disso, a liberação crônica de cortisol dificulta a liberação dos triglicerídeos pelos adipocitos, dificultando, por isso a perda de peso.

O cortisol proporciona, no curto prazo, aumento da glicemia, aumento do apetite, converte as gorduras em energia, deprime o sistema reprodutor e estimula o sistema imune a atuar contras as injúrias corporais. Porém o cortisol, no longo prazo, pode provocar diversos efeitos deletérios à saúde, como deposição de gordura visceral, resistência à insulina, aterosclerose, osteoporose, mudança de humor, distúrbios do sono, fadiga e doenças auto-imunes.

Diversos estudos indicam que a nutrição adequada é essencial para uma resposta efetiva ao estresse. Pacientes em uso de fluoxetina no tratamento de depressão apresentam níveis baixos de folato sérico, respondendo de forma menos efetivo ao tratamento.

Além disso, estudos verificam que a ansiedade e o estresse psicológico estão relacionados à redução parcial de magnésio, associado ao aumento da excreção urinária deste mineral, indicando a necessidade de reposição do mesmo pela alimentação ou por suplementação.

A deficiência de ômega-3 contribui para o aumento da liberação de catecolaminas e cortisol. O consumo de linhaça, rica em lignanas e ácido linoleico, reduz pressão arterial durante estados de estresse mental, e promove redução no cortisol plasmático em mulheres pós-menopausa.

Além de uma alimentação adequada que promove o funcionamento adequado de todos os sistemas do nosso organismo, é essencial utilizar outras estratégias que irão equilibrar o eixo psicológico e espiritual. 

Fontes consultadas: Equilíbrio Psicológico e Espiritual pg- 214-217. Paschoal, Naves, Fonseca. Nutrição Clínica Funcional dos Principios à Pratica Clínica, VP Editora 2010.